sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Entenda o que aconteceu no Brasileirão de 1987

 O velho tema nunca esteve tão atual: cada vez que se discute o título brasileiro de 1987 alguém tem interesse em saber exatamente o que aconteceu. O tema volta ao foco depois de a CBF decidir que vai considerar o Flamengo hexacampeão brasileiro com o título conquistado em 2019



Marco Enzo Lima Martins

Fonte: Uol Esporte
Em 21/11/19

Taça das bolinhas
Imagem: torcedores.com

A história começa em 1986. Até aquele ano, os campeonatos estaduais eram classificatórios para o Brasileirão. Os seis primeiros de São Paulo, os cinco primeiros do Rio, os dois melhores do Mineiro, do Gaúcho, do Pernambucano, os campeões estaduais dos outros estados se classificavam. A grosso modo, mais ou menos como hoje ocorre com os campeonatos nacionais da Europa em relação à Champions League.
Assim, entre 1980 e 1986, o Brasileirão teve 40 clubes na primeira divisão (Taça de Ouro, Copa Brasil) e quatro que se classificavam do torneio de acesso (Taça de Prata ou Torneio Paralelo, nome na última edição nesse formato).
Em 1986, a CBF prometeu mudar o sistema e criar, para 1987, a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. Os 24 melhores de 1986 formariam a Série A do ano seguinte.
Terminado o campeonato, com o Botafogo fora da elite de 24, a CBF mudou de ideia. Primeiro, afirmou que não tinha condição financeira para promover o torneio.
Em abril daquele ano os grandes se reuniram e fizeram o movimento que criou o Clube Dos Treze. Os fundadores (Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Grêmio, Internacional, Atlético Mineiro, Cruzeiro e Bahia) anunciaram que disputariam um campeonato próprio, organizado por eles mesmos.
A CBF, então, se mobilizou e anunciou que faria o campeonato com 40 clubes. Os grandes fizeram uma composição com a CBF, mas criaram a Copa União, com a participação, também, de Santa Cruz, Goiás e Coritiba, que se juntavam aos treze de maior torcida.
A CBF criou o regulamento, que previa o cruzamento de campeão e vice do Módulo Verde (Copa União) com campeão e vice do Módulo amarelo (suposta segunda divisão).
O Clube dos 13 dizia que não disputaria o cruzamento, a CBF dizia que haveria o cruzamento. Essa confusão reforçou-se porque o representante do Clube dos 13 na CBF, Eurico Miranda, aceitou o acordo com a CBF e assinou o regulamento com o cruzamentos dos módulos.
Quando informou a direção do Clube dos 13, este recusou veementemente. O campeonato começou com a CBF dizendo que haveria o cruzamento, o Clube dos 13 dizendo que não aceitava e que não disputaria.
Nesse ínterim, o Brasil inteiro assistiu à Copa União como o Campeonato Brasileiro de verdade. A TV Globo transmitia para o Brasil inteiro um jogo por rodada, sorteado quinze minutos antes da partida começar, às 17h do domingo. Pernambuco também vivia a Copa União deste jeito, porque acompanhava o Santa Cruz no torneio.


Jornais noticiam título do Flamengo
Imagem: comunicacaoeesporte.com

O Flamengo venceu o Brasileirão, a Copa União, em 13 de dezembro de 1987. No mesmo dia, o presidente do Flamengo, Márcio Braga, um dos líderes da criação do Clube dos Treze, reafirmou que não haveria cruzamento.
Enquanto isso, no mesmo dia, Guarani e Sport se classificaram para a decisão do Módulo Amarelo, decidido nos pênaltis. Houve dois campeões daquela suposta segunda divisão, porque o empate persistiu até chegar aos 11 x 11, nas cobranças de pênalti.
Os dois presidentes, então, decidiram que o torneio terminaria empatado. Sport e Guarani foram proclamados campeões empatados do Módulo Amarelo pela CBF. Tinham a perspectiva de disputar o cruzamento com Internacional e Flamengo.
No início de 1988, a CBF fez a tabela. Sport e Guarani entravam em campo nas partidas marcadas contra Inter e Flamengo. Sem adversário, eram proclamados vencedores por W.O. Na decisão do "Campeonato Brasileiro", o Sport enfrentou o Guarani, empatou o jogo de ida por 1 x 1, em Campinas, venceu no Recife por 1 x 0, gol do zagueiro Marco Antônio. A CBF proclamou o Sport campeão brasileiro de 1987.



quarta-feira, 15 de setembro de 2021

A CBF ACERTOU AO UNIFICAR OS TÍTULOS DO BRASILEIRO?

A Confederação Brasileira de Futebol reconheceu os títulos dos clubes que foram campeões nacionais entre os anos de 1959 e 1970, o que gerou divisão e polêmica


Marco Enzo Lima Martins

Fonte: www.futebolnaveia.com.br

Em 11/08/20

Confederação Brasileira de Futebol
Imagem: futebolnaveia.com


A discussão sobre a unificação dos títulos relativos ao Campeonato Brasileiro segue, apesar de parecer bem óbvia que a decisão que a CBF tomou é a mais justa. Os típicos argumentos contra a unificação são facilmente refutados e a história escancara a obrigação de reconhecermos campeonatos como a Taça Brasil, Taça de Prata e Robertão. Vamos desconstruir alguns preceitos sobre os torneios disputados entre 1959 a 1970? “Não contava com clubes de todos os estados, ou seja, não pode ser considerado um torneio nacional !” Verdade, mas com muitos asteriscos! Realmente não haviam clubes de todos os estados na disputa, entretanto a variedade era muito maior que hoje em dia.

 Em 1959, na primeira edição da Taça Brasil, 16 dos 20 estados brasileiros da época foram representados. Por outro lado, em 2020 o Campeonato Brasileiro terá representação de 9 estados da nação (de 27 possíveis!). “As equipes eram mais fracas” Mentira. A maioria dos craques, com raras exceções, permaneciam  jogando pelos clubes regionais durante toda a carreira. Dessa forma, o nível técnico dos elencos era muito mais equilibrado que atualmente e praticamente todos os campeões estaduais tinham condições de fazer um grande campeonato. “Não é possível dois títulos nacionais no mesmo ano!” Isso aconteceu recentemente e você nem lembra! Em 2001, ocorreu a final da Copa João Havelange, o campeonato brasileiro de 2000, na ocasião o Vasco foi campeão. Contudo, no mesmo ano, o Brasileirão teve nova edição e o Atlhetico se sagrou o campeão. Dessa forma, fica difícil questionar os dois títulos do Palmeiras em 1967. Ora, o clube foi vencedor das taças nacionais disputadas naquele ano e merece todos os méritos assim como os casos mais recentes.

Além de justiça, a CBF indica para a nova geração de fãs de futebol uma necessidade clara de valorizar os feitos realizados em um passado distante, algo importantíssimo. Logo, é bom analisarmos os fatores positivos de tal decisão e o motivo pelo qual  jamais podemos voltar atrás nessa questão.

Valorização do Santos de Pelé

A equipe da baixada santista conquistou incríveis 6(seis) torneios, bem como diversos títulos internacionais que marcaram a história de um dos maiores times de todos os tempos. Tais feitos, jamais poderiam ficar menosprezados ou sem devido carinho das organizações do esporte. Enaltecer os torneios entre 59-70 significa reconhecer o peso das conquistas daquela equipe.

Rei Pelé no Santos
Imagem: bolavip.com


Sentimento da época era de um campeonato nacional

Começando com a Taça de Prata, e posteriormente com a Taça Brasil e o Robertão, essas competições eram entendidas pela sociedade como o torneio de peso nacional. Os clubes e as torcidas comemoravam (com razão) os troféus obtidos dando absoluta relevância ao prêmio. Seria totalmente injusto rechaçar tais comemorações e a Confederação Brasileira de Futebol percebeu isso depois de muito tempo.

CBF atendeu o desejo da maioria

Em consultas aos principais clubes do Brasil antes de tomar a decisão final, a entidade percebeu que a maior parte era favorável a unificação das taças. Definitivamente uma atitude diferente da que foi tomada revoltaria numa insatisfação gigante e poderia ocasionar uma crise. Os clubes interessados em serem agraciados elaboraram um dossiê e este, por sua vez, conseguiu ganhar o apoio de diversos especialistas.

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